Corriam os anos de 1946.
Meu pai havia sido designado para fazer a cobertura da guerra da borracha na Amazônia. O clima da segunda grande guerra mundial ainda pairava no ar. As pessoas estavam abaladas com os acontecimentos recentes no mundo.
O fluxo imigratório era intenso e o Brasil fora uma espécie de anfitrião dos refugiados, pobres e abandonados à sorte da vida.
Bem, os seringais alimentavam a Amazônia com seu látex, produto primário da borracha. A batalha entre os seringueiros e os capitães do mato, ou “Coronéis”, como eram conhecidos os grandes latifundiários da Borracha era dramática. Muitas mortes, nada de leis, tudo feito sob o julgo do mando descomedido daqueles brutais bandidos travestidos de “proprietários” de terras.
Num daqueles finais de tarde , meu pai, “amazônida inexperiente”, por estar muito próximo das margens dos rios, contraiu a maldita febre reumática, lesando parte substancial de seu coração.
Ficara internado em hospitais amazônicos, região onde o conhecimento da medicina tropical era e é bastante adiantado, mas não o suficiente para curá-lo daquela infecção devastadora. Havia a necessidade urgente de antibiótico, produto inédito no Brasil naqueles tempos.
Sua salvação foi tida como um “verdadeiro milagre”.
Ainda muito combalido pela doença, aquele guerreiro não dava sossego a sua mulher, mãe recente de seu filho caçula, eu. Por incrível que pareça, a filosofia de minha mãe sobre sobrevivência, era a de alimentar com comidas substanciosas e em grande quantidade… quem a circundava…
Diz ela, que meu pai fora salvo por um suculento “Filé à cavalo…”…Canja e rescaldo.
Ouvi esta história por anos.
Eu e meus irmãos fomos vítimas deste mesmo “procedimento de sobrevivência” aplicado por minha mãe, estando ou não doentes.
Pobre mãe, de vida conturbada.
Sua sabedoria era herança da “minha noninha”, Maria.
Maria Dupré.
O tempo passou e a vida tinha voltado ao seu normal. Morando em São Paulo e muito conhecido, meu pai tornara-se jornalista respeitado nacionalmente. Fundou no final de 1949 a Somerjul Sociedade Mercantil e Jurídica Ltda., especializada em importação de medicamentos, etc.
É ele quem traz a Penicilina para o Brasil.
Quase morreu por sua ausência.
Quanta ironia … Anos depois, meu irmão precisou de medicamentos e, por terem lhe injetado Penicilina,
Perdí a melhor pessoa da minha família.
Meu irmão Rubens morreu.
Querido e saudoso irmão, que tanto amo…
Como sempre amei.
Linda história que merece um livro.
O orgulho do pai e do irmão… o carinho e entendimento sobre a mãe….
são marcantes em seu texto e nos emocionam…. lindo, lindo mesmo.
Parabéns pela família e por vc ser o que é… um ser humano do bem.
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