Toca o telefone em casa, Walter Avancini do outro lado da linha.
-“Sérgio, preciso de você para uma parada indigesta”!
-“Diga lá Mestre”…
-“Estou começando uma novela aqui na Manchete e quero que você dirija”.
Dois dias depois estava desembarcando na Bloch Editores, ou melhor, no que havia dela.
Eram galpões imensos, situados no Irajá, onde outrora se depositava as bobinas de papel para suprir as revistas do Grupo.
A sala do Avancini era modesta, porém muito simpática. Por detrás de uma mesa simples de escritório, lá estava ele, desta vez, curvado e muito abatido. Não sabia, até então, que ele estava com câncer e que resistia estupidamente fazer um tratamento quimioterápico.
Conheci Walter Avancini nos estúdios da TV Excelsior de São Paulo, eu era câmeraman de novelas. Seu temperamento e personalidade fortes aterrorizavam os atores e a todos, em geral…
Assim como Daniel filho era imbatível na direção de novelas leves, o “Careca” era fera nas novelas de conteúdo ousado.
Não sei o porquê, mas nos gostávamos tanto no pessoal como no profissional. Éramos próximos nas adversidades e nas poucas horas “leves”, se é que se possa dizer que ao lado dele, no trabalho, “horas leves” sobreviviam.
Gostava do jeitão que ele se impunha e dirigia. Foi um tremendo professor pra mim. Sabia fazer um Close-up como ninguém, além das fantásticas marcações para os atores, com ineditismo impressionante. Sua direção de cena me impressionava pela asperidade como ele atuava. Era duro com os atores e… com todos, inclusive comigo.
Era um admirador seu.
Bem, voltando para os “estúdios da Rede Manchete de Televisão, na verdade o nome jurídico era: Bloch, Som & imagem, encontrei um Avancini diferente.
Cabisbaixo, triste e tentando não perder o elã.Senti de imediato e me coloquei a sua disposição.
Começou me contando da sua aproximação com o Paulo Coelho e que já estava em produção uma novela inspirada em Brida. Fiquei atento ao que poderia vir desta conversa. Brida!
Na realidade o Avancini não estava errado ao escolher Brida como tema, ele próprio estava vivendo um momento de profunda procura interior, meditava muito e nunca admitia em seus pensamentos, algo que lhe impulsionasse espiritualmente, era cético a isso, infelizmente. Paulo Coelho era uma espécie de conselheiro, se assim posso definir…
No próximo post:
A novela dentro e fora da telinha.
Seja bem-vindo Sergio! Agora, ilumine-me ou tire-me uma dúvida e, por gentileza, desculpe-me. Há anos eu fazia uma novela na Globo, “Memórias de Amor” , onde era um dos alunos de o Ateneu. Por acaso você não era um dos diretores junto com o Gracindo Jr. ou foi uma outra novela, ou estou errado “pá caramba”? Inclusive você saiu dali para a Bandeirantes…. Bem…se não for isso….então ..de onde nos conhecemos … (morrendo de vergonha)… Agora eestou em Ribeirão do tempo onde sou o Alfredo Lorota dono do buteco da cidade…contratinho terminando em Abril…começa tudo de novo! Fazer o quê ? Amo essa profissão. É a minha cachaça. Fique com DEUS sempre e Vamukivamu! Beijão.
Tião D”Ávilla
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