A TV, nós e as Bombas do Riocentro – parte 2

O medo,os amigos e os milhares de jovens…

“Não boto bomba em banca de jornal nem em colégio de criança. Isso eu não faço não. E nem protejo General de dez estrelas que fica atrás da mesa com o c… na mão.” (Legião Urbana)

O atentado do Riocentro foi um ataque a bomba contra o Pavilhão Riocentro no dia 30 de abril de 1981. Cerca de nove e meia da noite com o evento já em andamento, uma bomba explodiu dentro de um carro no estacionamento. A bomba seria instalada no pavilhão, mas explodiu antes da hora, matando um dos passageiros do carro e ferindo gravemente o outro.

Nós, Fernando Peixoto e eu, diretores do espetáculo, fomos chamados por dois militares. Eles nos pediram para que “esvaziássemos o recinto ordeira e disciplinadamente”.
“Isto é impossível”, repliquei instantaneamente.
“Como posso pedir para estes jovens apaixonados por seus ídolos, que estão aqui, frente a frente, saiam de maneira disciplinada e ordeira. Impossível”.

O Fernando e eu fomos conversar sobre o ocorrido com o Chico Buarque, Toquinho e não me lembro mais quem… para que juntos, resolvêssemos aquela pendenga.
Não tinha jeito.

Falamos pros militares que seguiríamos até o final do evento… “eles (militares) que se virassem”.

Tenso, fui até a Carreta de Gravação da Bandeirantes, ao lado do palco  e ao abrir a porta fui vendo, um a um, companheiros de tantos trabalhos, de tantos anos, todos com seus olhos fixados nos monitores, sem saber o que acontecia lá fora.
Havia uma bomba no poste ao lado deles. Gelei… Eu sabia disto.

Aqueles jovens cantando, aquele som de vozes… meu Deus!!
Era a alegria deles, paradoxalmente.

Aqueles rostos sorridentes, os seus ídolos e aquelas músicas que os fascinavam.
Era emoção pura.

O pânico foi tomando conta de mim, imaginando tudo aquilo indo pros ares, os escombros os gritos de dor, a correria e os atropelos.. Insuportável resistir.

Quando deu quatro horas da madrugada, o “stress” dominou os músicos, que sem pensar…

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