Nossas conversas eram intermináveis. Rose e eu tínhamos um verdadeiro arsenal de vida e de histórias para contar.
Definitivamente nós estamos devendo nossas biografias, é muita vida vivida, desafios e superações, mortes e renascimentos, enfim, um dia, publicaremos algo nesta direção.
De papo em papo, Rose vai me contando suas aventuras e desventuras…
Pois bem, um dia Rose estava no Posto seis, em frente à Rua Montenegro –
hoje Vinícius de Moraes – quando repara um homem próximo, de terno em plena areia, surpreende-se:
“O que o senhor está querendo?”
“Desculpe, mas, você está sendo fotografada alí da calçada e eu vim pedir sua autorização para podermos fazer uso das fotos…”
“!!!”
Rose olhou em direção a calçada e lá estava o fotógrafo de máquina em punho, disparando filmes e mais filmes.
Seu nome: Antonio Guerreiro.
Com o tempo ele passou a ser seu fotógrafo e ela sua modelo.
Suas fotos rodaram o mundo e vão cair na mesa de Justino Martins, diretor de redação da revista “Manchete” que, ao ver Rose di Primo com aquele biquíni cavado, logo o apelidou de “tanga” e assim ficou.
Pois foi ele, Justino, que traduziu Rose para o mundo. Das capas de Manchete , Fatos e Fotos, Nova, Status, Ele Ela, Siete Dias da Argentina e tantas outras revistas estrangeiras que, Rose sem sair de casa, ficou internacionalmente conhecida.
Justino Martins levou-a a participar do concurso Miss suéter, do Flávio Cavalcante e, pra variar saiu vencedora, claro. Sua trajetória de vida estava em plena ascensão e assim foi até o assassinato, por tocaia, de Mariel Mariscot, líder do famoso esquadrão da morte do Rio de Janeiro .
Morria naquele momento sua maior e única paixão.
Abalada, Rose foi deixando pouco a pouco sua carreira, época em que surgia Xuxa e Luiza Brunet.
Xuxa fazia o tipo extrovertida e Luiza era mais séria. Para representar a mulher brasileira Luiza fazia melhor o tipo, por ser morena. O pessoal da redação da Manchete a achava um pouco gordinha e Rose deu um toque para ela emagrecer. Luiza não era gorda mas tinha um rosto redondinho. Era disciplinada, obstinada e, mais tarde se tornou um padrão de beleza; bonita, tratada e elegante.
Xuxa só podia dar no que deu, com alma de criança, sorria com os olhos e era super esforçada. Se tivesse que subir numa árvore, andar a cavalo ou mergulhar, tirava de letra.
Ambas trabalharam com Rose mas, Xuxa a impressionava pelos seus olhos azuis e o amor que ela tinha pela profissão de modelo.
Enfim, chegou o dia de dizer não! Ligaram pra Rose pedindo que ela fizesse um editorial, e ela respondeu:
“- Não sou mais modelo. Não vai dar. Vocês estão com um time bom. Não precisam mais de mim”.
Desligou o telefone com uma tristeza desconcertante misturado com um sentimento de alívio, afinal, estava fechando uma das portas de sua vida.
Próximo post: Rose desaparece de nós…