Os anos iam se passando e surgia na odontologia a ortodontia, para a minha felicidade.
Traduzindo. Eu iria usar aparelho nos dentes.
Meu aparelho dentário era móvel e durante a noite ele tinha que ficar em um copo com suco de limão. Por que? Até hoje não sei…
Meus dentes estavam ficando visivelmente melhores, e eu estava feliz. Minha vida interior se acalmava daquela timidez que tinha.
Mudei de colégio no ginasial.
Não era ótimo aluno, minhas notas eram heróicas e sempre me bastaram para não repetir o ano.
No colégio que acabara de entrar havia uma Fanfarra, não igual a do outro colégio, mas bastante boa. Imediatamente me apresentei oferecendo “meus serviços” de repiqueiro. Em poucos dias liderava aquela Banda Marcial.
Minha alma leve se alegrava…
Na verdade minha vocação era a música, o espetáculo, a dramaturgia, os artistas, a boêmia, ler, cantar, dançar, contar histórias e causos, rir e fazer rir… Esta era minha síntese. Este era e sou eu.
Meu pai no violão, O Raul Gomide, pai da Cely e do Tony Campello no cavaquinho, Oswaldo na sanfona e o rapaz do afoxé, infelizmente não me recordo seu nome, formavam um regional de serestas.
Serenata não é simplesmente ir à casa de alguém à noite e tocar em sua porta fazendo com que as pessoas saíssem e participassem da musica.
Seresta é coisa séria, implica em sentimentos profundos, inspiração, sensibilidade e respeito. Sempre havia uma causa nobre por traz de cada serenata.
Estudante de piano me faltava técnica à mão esquerda para me adaptar a sanfona… Claro que fiz o Oswaldo me ensinar o manejo do fole e daí pra seresta foi um estalo… Comecei a participar das serenatas com meu pai e o regional.
Aquilo fez com que eu tomasse conhecimento de um repertório imenso de músicas.
Aprendi a conhecer ritmos e cultura musical.
Menino ainda, já sabia as valsinhas que as senhoras e os senhores tanto amavam e por elas, declaravam suas paixões aos amados. Da valsa ao bolero, do tango ao samba-canção, fui conhecendo uma quantidade enorme de músicas. Tinha formado um excelente repertório.
Aprendi a acompanhar, sem medos, qualquer canção que me apresentavam…
Era a minha praia.
Estávamos nos Anos Dourados…
Década de sessenta, a mais criativa das décadas. Tudo era motivo pra tudo.
Convivíamos com a atmosfera da paz e do amor.
Descobríamos o Jeans e a Rua Augusta.
O perfume Lancaster e as Pussycats…
Que gostoso ler as suas historias de infancia e juventude! 🙂
Muito gostoso ler suas historias de infancia e juventude! 🙂