Guarujá e as praias de Santos.
O Ilha Porchat Clube e os carrões.
As meninas e o amor. A paixão adolescente.
Os sonhos e as realizações.
As tardes de domingo.
As domingueiras dançantes.
As festinhas de debutantes.
O Baile Branco.
Ah, o Baile Branco!
As meninas esperavam quinze longos anos para comemorar o debùt de suas adolescências, nos imensos salões dos famosos clubes da sociedade paulistana.
Que bailes!
As orquestras se revezavam e suas musicas nos inebriavam.
Claro que o clima do traje a rigor impunha aos meninos o mais legítimo Black-tie em seus smokings impecáveis e as meninas, lindas em seus vestidos longos.
Verdadeiras princesas.
Tudo muito formal. Afinal era uma festa de Debutantes.
Era o tradicional Baile Branco.
Era tudo lindo, um esperado evento nas vidas daquelas famílias.
A vida era uma festa.
Os salões amplos dos clubes iam recebendo as jovens debutantes com suas famílias e seus padrinhos.
Os padrinhos eram os convidados especiais das meninas, geralmente namorados ou quase isto, que dançariam “Fascinação” após a “Valsa da Despedida”, esta uma primazia dos pais que, na seqüência, entregavam suas filhas para os respectivos padrinhos e, aí sim, começava o Baile propriamente dito…
Os casais surgiam na pista de dança, as musicas iam se sucedendo e um clima de pura felicidade ia envolvendo a todos. Os pares compenetrados em suas danças, os passos escolhidos a dedo, a evolução do baile não poderia permitir que os sapatos envernizados dos rapazes sequer encostassem no salto-alto das moças.
Dançar era estilo e correção, por isso as meninas e os meninos freqüentavam a “Maison da Senhora Poços Leitão”, caríssimo curso de danças, sobejado pela alta sociedade paulista.
Os rostos colados, as palavras sussurradas em nossos ouvidos, o passear dos dedos entre os cabelos sedosos da menina, aquelas músicas românticas nos enchendo de amor, a alma leve, o espírito de paz e um misto de tantos sentimentos…
Elvis Presley, Ray Charles, Pepino Di Capri, Sergio Endrigo e tantos outros, ali, como cúmplices da melhor e mais linda conspiração amorosa.
Ah, o amor!
Aprendi tarde a distinguir o amor.
Sabia que o fundamento dele repousava no respeito e na verdade.
Sabia também que o amor era parte integrante de uma grande amizade.
Às vezes pensava que ele, o amor, surgia de uma atração de desejos, de um olhar mais atrevido o algo assim…
Mas não foi isto que aprendi com o tempo.
Isto é paixão.
Amor é um sentimento.
Respeito e amizade é a síntese.
Paixão é ilusão.
Não há dignidade na paixão.