Há trinta anos atrás : A TV, nós e as Bombas do Riocentro – parte 1

Quem tem mais de trinta anos de idade lembra-se ou pelo menos já ouviu falar dos atentados à bomba ocorridos no Brasil durante o governo do general Figueiredo.

Em diversas cidades brasileiras redações de jornais, sedes da OAB e até mesmo bancas de revistas que vendiam jornais oposicionistas iam pelos ares, vítimas de petardos instalados na calada da noite por terroristas. Havia muita indignação contra tais atos, principalmente por parte do governo que jurava buscar a redemocratização do país.

Foram escritos muitos artigos, foram feitas muitas hilações, previsões e análises, investigações rigorosas e inquéritos policiais. Mas as bancas de jornal continuavam a explodir.

Em 1981, a famosa “Bomba do Riocentro” explodiu no colo de dois militares que ocupavam um automóvel Puma, estacionado a poucos metros de um show organizado pelos Trabalhadores por ocasião do “Primeiro de Maio”. A vítima fatal foi enterrada como mártir militar, com honras oficiais e tudo. O outro infortunado que teve a perna amputada foi exibido como símbolo da intolerância política da esquerda no desfile de 7 de setembro do mesmo ano, onde desfilou com uma perna mecânica para penalização geral da nação enlutada.

Hoje até as placas de mármore que enfeitam o Congresso Nacional, sabem que tanto a bomba do Riocentro, quanto os outros atentados ocorridos naquela época eram de autoria de grupos militares que não se conformavam com a perspectiva de uma abertura política no Brasil e, dessa forma, buscavam criar o clima para o endurecimento do jogo por parte do governo militar.

Uma espécie de terrorismo às avessas, onde se joga contra o próprio patrimônio para se culpar os desafetos e, assim, catalisar os motivos necessários para eliminá-los.

5 comentários sobre “Há trinta anos atrás : A TV, nós e as Bombas do Riocentro – parte 1

  1. Arrisco dizer que faz parte da nossa cultura esse tipo de comportamento: ” onde se joga contra o próprio patrimônio para se culpar os desafetos e, assim, catalisar os motivos necessários para eliminá-los. ”
    Muito triste, não?
    Beijos,
    Regina

  2. Importante esse relato de fatos tao feios de nossa historia – deveriam ser contados, em alta voz, e re-contados, para que a historia nos ensine a olhar onde caimos, e nao permitirmos os mesmos erros novamente. O esquecimento eh muito perigoso.

  3. Adorei teu blog, Sérgio!
    Essa história do Riocentro foi demais!
    Imagino seu desespero interior, pedindo à Deus prá tudo aquilo terminar o mais rápido possível.
    A propósito.. E essa outra bomba que estava perto da carreta, chegou a ser localizada e detonada depois?

  4. The second, and I think this is the much more overt and I think it is the main cause, I have been increasingly demonstrating or trying to demonstrate that every possible stance a critic, a scholar, a teacher can take towards a poem is itself inevitably and necessarily poetic.

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