…Então decidi.
Há décadas europeus, americanos e asiáticos, fazem ótimos documentários sobre a “Antártica”. Habitualmente o enfoque é Biologia, Meteorologia e Geofísica, sempre voltado para os estudos científicos, então resolvi realizar o meu documentário sob o ponto de vista humano. A Sociologia antártica.
Como poderia eu contar esta história sem distorções, puramente. Observando e vivenciando como mais um na expedição, sem usar de distinção profissional ou qualquer coisa nesta direção. Seria eu simplesmente…
E assim aconteceu.
Os primeiros quinze dias de convivência antártica foram de muitos sustos e bom relacionamento com todos. Aos poucos, a tal da convivência vai perdendo o verniz e as pessoas passam a ser um pouco mais verdadeiras. Nada de ser socialmente corretas.
A adversidade antártica, a falta de odor, sons, visão reduzida pelo fog, formam um conjunto delirante de introspecção e tédio. Todos nós viajamos para dentro de nossas mentes.
Cada um se via individualmente, sem os retoques que a sociedade nos impõe, sem maquine ismos, sem mentiras ou rompantes de megalomania. Nós éramos nós naquele inóspito e cruel refúgio da natureza. Lá não podia haver disfarces. Não cabia mais. Não dava tempo. Todos nós mudamos e muito.
Voltei melhor do que antes, mais realista e consciente do meio social em que vivia, modificador de nossos egos.
Enfim:
Contar a Antártica é contarmos a história de nós mesmos, em reflexão.