Rose di Primo: “A musa de todos nós” – parte 4

“Vicente, o cativador”.

Um dia estávamos no estúdio, montando o cenário, quando chega um jornalista para falar com Rose, querendo uma entrevista.

Rose deu um passo à frente e disse a ele que não era mais modelo fazia tempo, e que não tinha nenhum interesse em aparecer. Ele então falou que “estava tudo bem”, que já estava satisfeito em conhecê-la, dizendo que, na faculdade onde se formou Rose serviu para vários estudos e teses. Ela abriu um sorriso e perguntou o seu nome: “Vicente”, respondeu sorrindo.

Eu perguntei a ele qual interesse que uma faculdade poderia ter sobre a vida de Rose e ele, olhando para nós dois contou uma história que a fez chorar.

Primeiro mostrou a Rose um livro chamado “Guerra de Guerrilhas”, sobre os guerrilheiros do Rio e de São Paulo, que tentaram formar um exército contra a ditadura nas cidades de Xambioá e Marabá, perto dali, ao sul do Pará.

Eles viveram e morreram por este sonho e Vicente explicando que muitas de suas casas, tinham estampadas a foto de sua famosa capa com a moto, na parede. Aquilo não foi feito por deleite e sim pelo fato de verem nela, Rose, um novo tempo. Para eles ela transpirava liberdade, a liberdade pelo qual tinham lutado.

Rose di Primo - Foto Clássica

Rose paralisada ouvia isso e chorava. De repente, disse em voz alta que pela primeira vez se sentia importante ao se dar conta de que seu trabalho servira para alguma coisa.

Deste dia em diante nos tornamos grandes amigos, e Vicente passou a levar Rose para conhecer melhor a cidade e seus costumes.

Rose me contou depois que Vicente a levara a uma aldeia indígena onde aconteceram coisas pitorescas.

Um índio velho cismou que ela tinha de ser sua quinta esposa. Era um dos chefes, estava bêbado e a deixou numa situação difícil, que pôde ser contornada quando inventou tirar fotos.

Aí aconteceu outra situação constrangedora: ela usava uma camiseta e canga enrolada na cintura, as índias estavam seminuas e uma delas lhe pediu de presente sua canga.

Rose tentou explicar que não podia, pois ficaria só de calcinha. A índia insistia levantando sua saia mostrando que não usava nada.

Vicente ria com a cara que Rose fazia daquela situação, de saia justa.

Ela brincava com os curumins, e se entristeceu em ver o descaso com os índios, bêbados, sem nenhuma identidade.

Rose lembrando suas origens,  emocionada, me contou.

Próximo post: “Rose se apaixona”.

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