Rose di Primo: “A musa de todos nós” – parte 7

“Rose perde tudo”

Rose perdeu tudo que construiu, e sem dinheiro andava de ônibus pendido permissão ao cobrador para viajar atrás sem pagar.

Já não tinha perspectiva de trabalho e sentia vergonha até de comer a comida do Célio, amigo de sempre. Nem as drogas a iludiam mais.

Sua saúde foi piorando. Sem menstruar a dois anos, os calores aumentaram, e Rose foi a sua médica. Refez todos os exames e quando chegaram os resultados a doutora lhe chamou e disse: “Sinto muito, Rosemary, mas você está com menopausa precose e não pode mais ter filhos”.

A notícia lhe caiu como uma bomba.

Rose saiu daquele consultório se sentido uma inútil, a última das mulheres e falava sozinha: “- Tão certinha por fora e tão torta por dentro”.

Rose di Primo

 Chorou durante dois dias direto. Tinha perdido até a voz e, cansada perdeu suas forças para lutar. Sua mãe lhe perguntava pelo telefone o que tinha na voz, e ela só dizia que estava cansada. Na verdade, estava cansada de viver. Chegou ao fundo do poço. Aquela luz no final do túnel se apagou. Perdeu as esperanças, a saúde, a fé, os amigos, os inimigos e chorava dizendo que nem para ter filhos prestava. Sentiu vontade de morrer.

Pensava e repensava na sua vida e não tinha respostas dos seus por quês e para quês, nada fazia sentido. Estava muito além do pessimismo. Estava nas trevas de um fundo de poço e, quando se está no fundo do poço o único ar, luz, vida e esperança que encontramos é olhando para cima.

E do fundo do poço quando se olha para cima, só se vê o céu. Um céu pequeno. Ela olhava para cima dentro daquele quarto e gritava: “-DEUS! ME TIRA DAQUI!”

Foi quando uma noite, antes de dormir rezou à Deus pedindo que a levasse. Já não tinha nada a perder e nenhuma razão para viver. Ela dizia: “- Vou ajudar Deus pelo menos uma vez, vou me matar…”

Começou então a planejar seu suicídio e escolheu morrer com um tiro na cabeça. Seria mais rápido, não dando chances ao arrependimento. Ela se sentia atormentada nesta fase pois se sente uma falsa paz. Mas também, não poderia ir em paz se não se despedisse das duas pessoas que mais amava, sua mãe e seu sobrinho Tharik.  

Próximo post: “Rose se prepara para partir”.

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